quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pedagogia do Oprimido

O livro Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire escrito há quarenta anos permanece vigente dada as suas constantes re-edições no Brasil e no exterior e aos novos tipos de oprimidos que surgem a cada dia em nossa sociedade. Profecia esta explícita nas primeiras palavras de abertura do referido livro em que o dedica “aos esfarrapados do mundo e aos que neles se descobrem e, assim descobrindo-se, com eles sofrem, mas, sobretudo, com eles lutam”.
Nesta obra Paulo Freire, discute o cenário da educação, no qual destaca que a mesma é dividida em classes que formam as desigualdades, onde as classes dominantes formadas por uma minoria que é detentora, impedindo que as classes menos favorecidas usufruam dos bens produzidos, sendo um destes a educação, bem este, essencial para a concretização da vocação humana, e que a grande maioria da população do terceiro mundo, ou seja, das classes menos privilegiadas não tem acesso.
O livro compõe-se de quatro capítulos, sendo que no primeiro, Paulo Freire,
justifica a escolha do título Pedagogia do Oprimido, onde há uma clara e radical opção pelo oprimido, parte do ponto de vista dos Oprimidos, a partir da experiência histórica dos mesmos, o que denota para a década dos anos 1960 uma virada paradigmática, uma coragem política, uma visão profética e um forte grito ético desde a América Latina.
Escrito no período em que o autor esteve exilado de seu país, o Brasil, durante o período da Ditadura Militar, o livro oferece um mergulho no pensamento de Paulo Freire sobre seu modo de ver e ler o mundo. Neste livro Paulo Freire esboça caminhos sociais rumo a uma sociedade livre através da extinção da relação de opressão presentes no sistema capitalista. Para Freire, só a libertação dos opressores, feita pela movimentação e conscientização dos oprimidos, poderia ser o elo propulsor para construir uma sociedade de iguais. Neste sentido, a educação aparece com o papel central para efetivar o seu pensamento, pois que através de uma educação libertária, o oprimido poderia tomar consciência de sua situação e buscar sua liberdade bem como a de seu opressor. Para tal, propõe que o educador conheça em profundidade cada comunidade que irá educar, conheça a realidade e as palavras que são significativas para cada grupo de pessoas. Desta forma, as palavras que serão ensinadas na escrita e na leitura, são justamente as que fazem parte do cotidiano destas pessoas. Assim, Freire acredita que ao conhecer a sua palavra e transformá-la em ação e posterior reflexão, o oprimido passaria de um estágio ingênuo para um estado consciente de sua situação social e tentaria suplantá-la.
O livro mostra um crítica expositiva aqueles professores que pensam que ensinar é simplesmente encher a cabeça do aluno de informações, sem deixar caminho para a troca de conhecimentos professor-aluno. Mas o livro também traz caminhos para uma educação de qualidade. Educação que para Freire exerce um papel fundamental no processo de libertação, já que ninguém educa ninguém, mas os homens se educam entre si mediatizados pelo mundo. É difícil saber que nos dias de hoje ainda pode-se perceber a “educação bancária” exposta por Freire décadas atrás, caracteriza-se pelo excessivo deposito de informações nas mentes dos alunos, que a recebem como forma de armazenamento que constitui, o que é chamado de alienação da ignorância, pois não há criatividade, nem transformação e saber, existindo aí a cultura do silêncio.
Este livro contribui no sentido de desenvolver cidadãos críticos e conscientes, com um senso-critico formado e capaz de entender a ação opressora e os seus principais pontos, como esta se apresenta e como se proteger de sua ação.
É importante salientar a grandeza de obras como esta, para a prática docente, pois a educação é formada por todos com ela envolvidos, e esta obra apresenta pontos fundamentais para esta prática, logo, é imprescindível salientar que o educador é uma figura de suma importância dentro do processo educativo, tendo em vista que a ele é destinada esta nobre missão de auxiliar na formação da consciência crítica do educando.
Paulo Reglus Neves Freire foi um educador brasileiro. Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência. Freire tornou-se uma inspiração para várias gerações de professores, especialmente na América Latina e na África. Pelo mesmo motivo, sofreu a perseguição do regime militar no Brasil (1964-1985), sendo preso e forçado ao exílio. Autor de várias obras, entre elas: Alfabetização e conscientização, Educação e mudança, Educação popular, Pedagogia da esperança, Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar, Pedagogia: diálogo e conflito, entre outras.
Escrito por Anderson Ferreira Costa e Evandro dos Santos da Silva, acadêmicos do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade do Estado do Amapá-UEAP.

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